Um surdo de um ouvido e um cego de um olho conversavam como de costume, no banco da praça sobre coisas do cotidiano. Ao seu lado sentaram-se crianças que vinham da escola pública. Eram 11:00 horas de uma manhã ensolarada de Abril com muitas flores no jardim da praça.
Ritinha, a mais esperta do grupo chamou a atenção de todos, apontando o varredor de rua que fazia seu trabalho diário.
- Olha gente ! O varredor de rua, a pessoa mais importante da cidade.
- Tá doida Ritinha ! As pessoas mais importantes são o prefeito, o delegado, o padre, o juiz e o médico, disse Joãozinho.
- Não Joãozinho. Os varredores de rua, os garis, são muito importantes, eles cuidam da saúde da cidade todos os dias, varrem as ruas, colocam o lixo nos sacos e levam para o depósito longe da cidade. Eles também são agentes de saúde pois o seu trabalho ajuda a prevenir doenças.
- O quê ? Você pirou, retrucou Joãozinho. Eles usam uniforme cor de abóbora madura, sapatos de soldados, bonés e calça sujas enquanto os agentes de saúde usam roupas brancas e limpinhas.
- Joãozinho você me assusta ! Não vê que os varredores de rua trabalham com a sujeira que as pessoas jogam nas ruas e calçadas ? Noutro dia eles retiraram um cachorro atropelado que já estava com mau cheiro, eles também limpam cocô dos animais e outras coisas.
- Tá bem Ritinha ! Você venceu . Quando eu crescer vou casar com você.
- O quê ?! Você está usando drogas ? Tá doidão ? Pirou ? Quando eu crescer meu namorado vai ser que nem o Roberto Carlos, romântico.
- Escuta Ritinha: " O seu cara sou eu !".
Todos riram e o grupo se separou, indo cada um para sua casas.
O surdo comentou com o cego:
- Esta Ritinha além de bonita é muito inteligente, o Joãozinho é meio bobo.
- Não meu amigo, o Joãozinho é muito esperto, ele quer até casar com a Ritinha. "Garoto esperto !" .
Os dois amigos sorriram e cada um foi para sua residência pois já era hora do almoço.
