quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

FELICIDADE

     

 Como faço sempre, acordei cedo, abri a janela da sala do apartamento onde resido no 2º andar, para respirar o ar fresco das seis horas da manhã e apreciar o gorjear dos passarinhos acordando no quintal arborizado da casa vizinha.
      
No muro à menos de oito metros, vi um pássaro desconhecido em pé como se fosse uma estátua pequena. Só mexia a cabeça de um lado para o outro algumas vezes. Com muitos arbustos e um lindo gramado no terreno da casa, ele permanecia impassível sobre o muro revestido de granito.
       
Na expectativa de movê-lo do lugar, cumprimentei-o:
       
Bom dia! Está só esperando o astro crescer no horizonte para tomar seu banho de Sol. Hem?
      
O pássaro pareceu entender; virou a cabeça de lado, olhou na minha direção e piscou o olho.
       
Sorri. Ele quer conversar. Falei do Tempo, falei das Flores, mas ficou impassível, não deu sequer um pio. Estaria triste? Foi minha preocupação imediata. Passei então a observá-lo melhor.
         
Tinha umas pernas pequenas e finas com dois dedos ou “garras” em cada pé; um bico alongado que afinava em direção a ponta onde terminava numa curvatura, como se fosse uma pinça e duas asas com penas pretas e cinza.
         
Fiz um trato com o pássaro. Só sairei da janela quando ele der um pio ou voar. Foram mais de quinze minutos um olhando para o outro, ambos calados. 

         Resolvi tentar outra coisa. Vou assobiar uma canção para ver a reação dele.
         
Escolhi a música Carinhoso, de Pixinguinha, e assobiei:
         
“Meu coração não sei por que bate feliz quando te vê  e os meus olhos ficam sorrindo e pelas ruas vão te seguindo, mas mesmo assim".....
        
O pássaro gostou. Bateu as asas, voou duas voltas à  frente da janela, deu um trinado e fugiu de mim possivelmente alegre e agradecido.  O Zelador que observava escondido, falou:
         
- É um pássaro adolescente  aprendendo a voar por conta própria. O senhor conversava com o “bicho”?
         
- Estávamos apenas compartilhando um momento de felicidade. Só isto, respondi.