Curiosidade
infantil é natural, mas as vezes incomoda. Hoje, logo pela manhã, meu neto de
seis anos perguntou: -.
-Vovô, Deus existe? Como ele é?
Conta pra mim.
Fiquei numa situação muito difícil e
resmunguei baixinho:
-Você conhece Papai Noel?
-Conheço
vô! É o meu pai. Eu vi quando ele de
madrugada, descalço, colocou na minha cama uma caixa de presente no dia de
natal. Eu gritei e ele levou um susto enorme. Papai Noel é meu pai, o Senhor sabia?
Desconversei, mas o molequinho tornou a
perguntar:
-Vovô
você conhece Saci-Pererê?
-Não,
nunca vi. Afirmei pensando encerrar a entrevista.
-Vô,
dizem que ele tem uma perna só e fuma cachimbo. Eu não acredito porque é
proibido fumar na escola, no hospital, até no ônibus quando saio com minha mãe,
eu já vi escrito que é proibido fumar.
-Está
certo. Existem muitas coisas que nós adultos criamos para tentar explicar
outras coisas que não conhecemos. Tá entendendo?
-Vovô
não enrola. Deus existe?
Menino
persistente... vou tentar lhe explicar:
-Você
conhece o vento? Aquele que empina sua
pipa.
- Já pegou nele? Já viu ele?
- Não
vô. Não peguei nem vi, mas eu sinto quando ele vem. Não vejo o ar nem o vento,
mas sinto quando respiro e quando ele bate no meu rosto.
-Ótimo!
Deus é assim. Você não vê, não pega
nele, mas sente que ele está por perto. Está nas ondas dos mares, nas estrelas
do céu, nas árvores das florestas, nas matas, nas ruas das cidades. Está em
todo lugar.
-Vô.
Ele é que nem o vento?
-Hum!...Você
ganhou... Eu acho que é.
-Vô!
Eu vou brincar, tchau.
-Vai
meu querido, vai com vento.