UM PEIXINHO NA AREIA
Um
peixinho de mais ou menos um palmo de uma mão adulta, surfando numa onda do
mar, esparramou-se na areia da praia, aonde a onda se dissolveu infiltrando
suas águas na areia.
Lá
ficou saltitando sob o sol escaldante de um dia atípico de junho, na praia do
Forte em Cabo Frio. Pulava pra lá pulava pra cá, na ânsia de voltar para o mar.
Eram oito horas da manhã, ventava muito, poucas pessoas andavam no calçadão; na
areia da praia só um gari fazia sua tarefa de limpeza, observando o peixinho
pulando.
Caminhou até ao
animalzinho, pegou-o e disse pra si mesmo:
-
Dá para fritar, vou levar pra casa.
Nesses segundos de
meditação, o peixinho escapuliu de suas mãos, voltando a saltitar desesperado
como se adivinhasse seu precoce destino, uma frigideira quente.
O gari rapidamente o
pegou junto ao chão, colocou-o no bolso do jaleco que vestia, segurou a vassoura
e continuou seu trabalho de limpeza.
O peixe se acalmou um
pouco, e de repente saiu do bolso, entrou na calça do funcionário da limpeza,
procurando um caminho para o mar. O homem assustado começou a pular de cá pra
lá, até que o peixinho se meteu entre as suas nádegas. O gari deu um pulo de
mais ou menos dois metros de altura e gritou:
-Aí não! NÃÃÃÃO!
Quando o gari voltou a
pisar o chão, o peixinho ofegante desceu pelas suas pernas e reapareceu junto
ao velho tênis, que o homem da limpeza calçava. Ele abaixou-se segurou o
animalzinho com as duas mãos e levou-o até a água para refresca-lo. Foi quando
uma onda gigante os derrubou. O peixe nunca mais foi visto. O gari todo
encharcado, teve que mergulhar no mar outra vez para apanhar a vassoura que se afogava.
Ao voltar para a praia, resmungou para si: -
Peixinho valente; lutou pela vida, merece viver.
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