domingo, 21 de julho de 2013

UM PEIXINHO NA AREIA


    
Um peixinho de mais ou menos um palmo de uma mão adulta, surfando numa onda do mar, esparramou-se na areia da praia, aonde a onda se dissolveu infiltrando suas águas na areia.

Lá ficou saltitando sob o sol escaldante de um dia atípico de junho, na praia do Forte em Cabo Frio. Pulava pra lá pulava pra cá, na ânsia de voltar para o mar. Eram oito horas da manhã, ventava muito, poucas pessoas andavam no calçadão; na areia da praia só um gari fazia sua tarefa de limpeza, observando o peixinho pulando.

Caminhou até ao animalzinho, pegou-o e disse pra si mesmo:

- Dá para fritar, vou levar pra casa.

Nesses segundos de meditação, o peixinho escapuliu de suas mãos, voltando a saltitar desesperado como se adivinhasse seu precoce destino, uma frigideira quente.

O gari rapidamente o pegou junto ao chão, colocou-o no bolso do jaleco que vestia, segurou a vassoura e continuou seu trabalho de limpeza.

O peixe se acalmou um pouco, e de repente saiu do bolso, entrou na calça do funcionário da limpeza, procurando um caminho para o mar. O homem assustado começou a pular de cá pra lá, até que o peixinho se meteu entre as suas nádegas. O gari deu um pulo de mais ou menos dois metros de altura e gritou:

-Aí não! NÃÃÃÃO!

Quando o gari voltou a pisar o chão, o peixinho ofegante desceu pelas suas pernas e reapareceu junto ao velho tênis, que o homem da limpeza calçava. Ele abaixou-se segurou o animalzinho com as duas mãos e levou-o até a água para refresca-lo. Foi quando uma onda gigante os derrubou. O peixe nunca mais foi visto. O gari todo encharcado, teve que mergulhar no mar outra vez para apanhar a vassoura que se afogava.

Ao voltar para a praia, resmungou para si: - Peixinho valente; lutou pela vida, merece viver.

Nenhum comentário:

Postar um comentário