terça-feira, 14 de maio de 2013

ASSALTO NO ELEVADOR





Quarta feira de cinzas aproveitei que todos os funcionários só trabalhariam após as l2:00 horas, me dirigi ao escritório pela manhã afim de adiantar minhas tarefas, pois segunda-feira estarei  de férias.
Serão vinte e seis dias rumo ao Nordeste Brasileiro, numa viagem de carro com mais dois amigos, hospedagem já reservadas e tudo planejado. Estou ansioso por esse momento.
Cheguei à entrada do edifício, olhei para o alto, me imaginei sozinho trabalhando no 20º andar, após os festejos de carnaval. Muito profissionalismo mesmo. Entrei, acionei o elevador e o ruído do gaiolão descendo quebrou o silencio que reinava na área de recepção. Não havia ninguém, além do porteiro que conversava no celular.
Para meu espanto ao me acomodar no elevador, embarcou uma bonita mulher, bonita de tudo que sorrindo me perguntou:
--Qual andar?
- Vigésimo, respondi.
-Alto hein. O senhor trabalha lá?
- Trabalho perto do céu.
Ela não gostou da piada; ficamos calados enquanto subíamos. Na altura do 6º andar parou o elevador. A moça sacou da bolsa uma pistola e disse:
-É um assalto, passa tudo; relógio, cartão de crédito; rápido.
- Calma moça, tenho que pegar a carteira na pasta que está no chão.  Ela virou-se para tentar destravar o elevador; pulei no braço armado, dei um torsão tão forte que ela gritou de dor e largou a pistola. Não soltei mais a mulher e falei:
-Não vou lhe bater; não tente fugir; vamos conversar. Você é maluca? Seguiu-me?
-Foi por acaso, nós gastamos todo o dinheiro no carnaval; meu namorado deu a ideia de assaltar alguém num local ermo, pra gente poder viajar de volta para casa. Quando vi o senhor sozinho, aproveitei.
-E a arma, onde arranjou?
-É de brinquedo, não tem munição.
-O que? Não acredito.
-Verdade, pode engatilhar e apertar vai ouvir apenas um Traque.
Incrível, assaltado no elevador com uma arma de brinquedo. Vamos nos acalmar, respirar fundo. Preciso pensar o que fazer.
Ela sorrindo começou a falar que era doída mesmo, não precisava fazer aquilo, seus pais tinham recursos; quando sair dessa situação vou lhe recompensar pelo desconforto.
Não acreditei, mas ela me apertou contra o seu corpo, beijou-me no pescoço, me acariciou. Não teve jeito, a adrenalina subiu e o inevitável aconteceu. Subimos quatorze andares agarrados. Ao desembarcar indiquei a ela o banheiro feminino aonde ajeitou as roupas, retocou a maquiagem e penteou os cabelos sedosos e perfumados.
Descemos juntos até ao térreo, nos despedimos, indo ela encontrar-se com o namorado que a esperava num camaro amarelo, no estacionamento externo.
O porteiro que nos observava, perguntou-me:
-Este lenço é seu?
-Olhei o lenço sujo de batom e disse que não.
-O senhor atacou aquela mulher?  Insistiu o porteiro.
Esbocei um sorriso tipo Mona Lisa e neguei novamente, deixando o dedicado funcionário pensativo. Sim ou não.



Nenhum comentário:

Postar um comentário