sexta-feira, 18 de setembro de 2015

ENGANOS ACONTECEM

      O trânsito parou na orla da praia. O Guarda apitou e a garotada do desfile escolar começou a atravessar a pista para se arrumar no local do evento.
      Espremido entre carros, Alfredo em sua bicicleta, observava o trabalho do Guarda bem a sua frente. Ao olhar para o lado viu saindo da areia para atravessar a rua, uma linda sereia trajando um biquíni florido. À sua frente ela parou e exclamou!
      - Cara! A quanto tempo não te vejo. Dirigiu-se ao ciclista deu-lhe os beijinhos tradicionais e começou a falar:
     - Noutro dia lembrei de você enfiando os dedinhos nos meus cabelos encaracolados lá na escola pública, durante o recreio. Você era muito levado. Lembra-se?
      Alfredo não lembrava, mas muito esperto esticou a conversa.
      - Lembro. Você já era bonitinha naquela época. Fico feliz em revê-la. Já está indo embora?
     - É. Vou almoçar pois à tarde tenho um compromisso ao qual não posso faltar. Você mora aonde?
      - Moro atrás do arco íris.
      - Hum! Tão longe assim, por que não vem de carro?
     - Nesse trânsito de verão fica muito complicado, prefiro vir de bicicleta que me dá mais tempo para olhar as coisas. A propósito, este anel em seu dedo é seu compromisso?
     - Sim. Estou noiva com casamento marcado para abril do próximo ano.
     - Eu pensei que não existissem mais noivados, comentou Alfredo.
     A desconhecida abaixou-se junto ao rosto do ciclista e disse em segredo ao seu ouvido:
     - Vou casar virgem com um seminarista.
     - Não acredito! Ele nunca tentou fazer um gol?
     - Não, Ele também é virgem e joga de goleiro. Só agarra.
     - Loucura! Loucura! Gritou Alfredo. Vai ser uma lua de mel fantástica. 48 horas no ar! Gritou tão alto causando um buzinaço o que levou o Guarda assustado e suando que nem sorvete de casquinha ao sol, avisar que iria liberar o trânsito.
     A moça tornou a beijar o ciclista, despediu-se, e da calçada acenou gritando:
     - Marcelo eu nunca esqueci você.
     Alfredo sorriu e murmurou baixinho:  Eu não a conheço e nunca a vi antes linda sereia. Seja feliz.

domingo, 13 de setembro de 2015

SEVERINO FREEMAN E O REI


      Rei é Rei. Palavra de Rei não volta atrás. São frases conhecidas. Era uma época na qual o Rei mandava, desmandava e só se preocupava em satisfazer seu ego. Criou-se até a expressão “absolutismo” para caracterizar um período da História Humana.
       
            Em 10 de junho de 2015, com o saber de várias pessoas inteligentes, o Supremo Tribunal Federal concedeu vitória à causa da liberdade de expressão no assunto polêmico das Bibliografias.
       
            Foi uma decisão muito pensada que definiu claramente a importância e valor de uma Bibliografia verdadeira para o acervo cultural e histórico de um povo.
        
           Já li bibliografias do Silvio Santos, Paulo Coelho e outros. Conheci suas lutas, erros, acertos, derrotas e vitórias em busca de uma convivência humana melhor.
       
          Uma bibliografia ditada pela vontade de um Rei funciona como um édito. Nunca terá o crédito que seus súditos merecem.
       
          Meu Rei está nu, caminhando contra o vento, sem lenço, sem documento.Salvem o Rei.                                                                         






domingo, 6 de setembro de 2015

Eu, Ela e ELE.

    Morava há muitos anos em Brasília uma senhora aposentada que sempre viajava em dezembro e junho para os festejos de Natal e Juninos na cidade de Sobral, no Estado do Ceará, aonde revia familiares e amigos.
    No Natal gostava de levar brinquedos para os sobrinhos e filhos de amigos menores de 12 anos. Para os adolescentes sempre dava uma pequena importância em dinheiro para irem ao Parque de Diversões ou ao Circo com os colegas.
     Esta bondosa senhora adoeceu e faleceu em Brasília, às dez horas de um sábado. Neste mesmo dia e hora uma amiga avistou-a no ponto de taxi em Sobral. Telefonou para o irmão dessa senhora avisando que ela acabara de chegar à cidade.
     O rapaz logo espalhou a notícia entre os familiares e ficou aguardando a visita da irmã. Passaram-se três horas, o rapaz, ansioso, resolveu telefonar para parentes em Brasília confirmando a vinda da irmã.
      Recebeu então a triste notícia. Sua irmã falecera naquele sábado às dez horas e seu corpo já estava sendo encaminhado para o velório. Na impossibilidade de ir ao enterro, chorou muito, desesperado foi procurar a moça que lhe informara da chegada de sua irmã para pedir explicações.
      Encontrou-a na loja de roupas atendendo a uma freguesa. Esperou terminar o atendimento, dirigiu-se à moça e contou o acontecido. A vendedora não acreditou. Conhecia bem a mulher, não podia ter se enganado.
      Ao ver as lágrimas nos olhos do rapaz caiu desmaiada no chão da loja. Foi socorrida, levada para casa, onde refeita do susto, trancou-se no quarto e rezou em voz baixa:
      - Deus me ajude, eu vi a mulher no ponto de táxi. Adormeceu sobre um tapete florido aos pés da cama, acordou no dia seguinte mais calma, revigorada e foi trabalhar.
       Ao chegar à loja inúmeros curiosos a esperavam para repetir detalhes da visão que tivera. Em pé na porta da loja dizia a todos que foi um sonho. Justificava alegando que sonho ninguém entende mesmo.
       Em casa, após o jantar, recolheu-se ao quarto, abriu a janela e contemplando o céu repleto de estrelas falou para si mesma:
       - Só três pessoas viram: Eu, ela e ELE. Nós sabemos que é verdade. Será que espírito viaja?
       Sem resposta, deitou-se na cama e adormeceu sob o ar fresco da noite que entrava pela janela e o brilho silencioso de milhares de estrelas.
                          
           

             

OS PRIMEIROS PROFESSORES






  Ao nascermos iniciamos a nossa aprendizagem nesta vida. É no lar, no ambiente caseiro, que recebemos as primeiras lições. São os nossos pais os primeiros professores. Eles nos ensinam a falar as primeiras palavras, a engatinhar, a ficar de pé, andar, desenvolver hábitos de higiene e alimentar-se corretamente.
   Nas ruas nos fazem observar o momento de atravessar, o uso das calçadas para caminhar, e os cuidados necessários para se locomover no trânsito das ruas com segurança. Como se vê, são os pais os professores iniciais de todas pessoas. “Educação vem de berço”, ou seja, todas manifestações boas ou más de uma pessoa ao longo de sua vida, trazem muitos reflexos da educação recebida em casa.
  É assim na maioria dos lares brasileiros.  Poucas famílias têm acesso a pré-escola. As crianças só vão para a escola aos seis ou sete anos.
  Nas escolas passam a frequentar aulas com professores leigos ou profissionais em grupos de 30 a 40 crianças em salas de aulas com determinados horários e comparecimento obrigatório. Estes abnegados profissionais não têm condições de conhecer cada criança individualmente, como os pais as conhecem.
 As escolas têm objetivos de transmissão de conhecimentos, avaliação de aprendizagens, geração de comportamentos e atitudes que levem os alunos a crescerem intelectualmente e socialmente no convívio humano.
A responsabilidade da educação passa a ser uma operação conjunta de casa e escola, onde os pais terão sempre que acompanhar de perto, os estudos dos filhos. Querer transferir exclusivamente para o professor esta responsabilidade é um procedimento injusto, pois quem fica mais tempo com o jovem aluno, são os pais.
      “ Educação vem de berço” é um ditado consagrado pelas pessoas através dos tempos; exprime com sabedoria a responsabilidade dos pais na educação de suas crianças.
15 de outubro, data consagrada para homenagear os professores, deve ser também o momento para pais e alunos refletirem e compreenderem sobre a importância do trabalho desses dedicados profissionais no aprimoramento e ampliação da educação recebida no lar, de milhares de crianças brasileiras.
    


quinta-feira, 3 de setembro de 2015

TRALHAS, TRECOS, BUGIGANGAS E QUINQUILHARIAS

      





        Decretei lei. Na minha casa todas as coisas não utilizadas há mais de doze meses, serão reavaliadas, descartadas, vendidas, doadas ou jogadas no lixo. Não foi uma decisão de rompante. Foi pensada em função de experiência de vida adquirida ao passar dos anos.
        Primeiramente aconteceu na chácara onde residi por um bom tempo. Todos os objetos e coisas que filhos, parentes e amigos não mais queriam em suas residências, eram levadas para a chácara para desocupar lugar.
        Construí até um barracão para “arquivar” velocípedes, bicicletas, pneus usados, televisão, brinquedos, livros, etc.
        Certo dia olhando o barracão entulhado conversei com os donos das tralhas e decidimos instalar no gramado uma exposição de todas coisas, vendemos algumas, doamos outras e descartamos o restante para o lixo.
        Mudei-me para um apartamento na cidade levando comigo móveis e algumas coisas de uso pessoal. Em pouco tempo, sem perceber, minha nova residência transformou-se em um “arquivo morto”, repleto de tralhas, trecos, bugigangas e quinquilharias guardadas em gavetas, estantes e armários, algumas nem mais encontradas no mercado, substituídas que foram por outras mais novas.
        É costume de todos nós guardarmos por muito tempo coisas que não mais utilizamos e que poderiam beneficiar outras pessoas.
        O Decreto já está em vigor. Todo fim de ano faço uma revisão nas coisas guardadas e descarto as que não são mais úteis. Com este procedimento minha residência rejuvenesce, fica mais espaçosa e aconchegante.
        Coisas novas vem. Coisas velhas vão. Coragem! Residência não é museu.