domingo, 6 de setembro de 2015

Eu, Ela e ELE.

    Morava há muitos anos em Brasília uma senhora aposentada que sempre viajava em dezembro e junho para os festejos de Natal e Juninos na cidade de Sobral, no Estado do Ceará, aonde revia familiares e amigos.
    No Natal gostava de levar brinquedos para os sobrinhos e filhos de amigos menores de 12 anos. Para os adolescentes sempre dava uma pequena importância em dinheiro para irem ao Parque de Diversões ou ao Circo com os colegas.
     Esta bondosa senhora adoeceu e faleceu em Brasília, às dez horas de um sábado. Neste mesmo dia e hora uma amiga avistou-a no ponto de taxi em Sobral. Telefonou para o irmão dessa senhora avisando que ela acabara de chegar à cidade.
     O rapaz logo espalhou a notícia entre os familiares e ficou aguardando a visita da irmã. Passaram-se três horas, o rapaz, ansioso, resolveu telefonar para parentes em Brasília confirmando a vinda da irmã.
      Recebeu então a triste notícia. Sua irmã falecera naquele sábado às dez horas e seu corpo já estava sendo encaminhado para o velório. Na impossibilidade de ir ao enterro, chorou muito, desesperado foi procurar a moça que lhe informara da chegada de sua irmã para pedir explicações.
      Encontrou-a na loja de roupas atendendo a uma freguesa. Esperou terminar o atendimento, dirigiu-se à moça e contou o acontecido. A vendedora não acreditou. Conhecia bem a mulher, não podia ter se enganado.
      Ao ver as lágrimas nos olhos do rapaz caiu desmaiada no chão da loja. Foi socorrida, levada para casa, onde refeita do susto, trancou-se no quarto e rezou em voz baixa:
      - Deus me ajude, eu vi a mulher no ponto de táxi. Adormeceu sobre um tapete florido aos pés da cama, acordou no dia seguinte mais calma, revigorada e foi trabalhar.
       Ao chegar à loja inúmeros curiosos a esperavam para repetir detalhes da visão que tivera. Em pé na porta da loja dizia a todos que foi um sonho. Justificava alegando que sonho ninguém entende mesmo.
       Em casa, após o jantar, recolheu-se ao quarto, abriu a janela e contemplando o céu repleto de estrelas falou para si mesma:
       - Só três pessoas viram: Eu, ela e ELE. Nós sabemos que é verdade. Será que espírito viaja?
       Sem resposta, deitou-se na cama e adormeceu sob o ar fresco da noite que entrava pela janela e o brilho silencioso de milhares de estrelas.
                          
           

             

Nenhum comentário:

Postar um comentário